O Seleccionador Nacional, Pedro Gonçalves, declarou, quarta-feira, numa entrevista à Rádio 5, que “seria fabuloso 20 anos depois voltarmos ao Mundial” e “os jogadores e staff tudo farão para lá chegar”.
Certamente, haverá narrações muito impactantes, na história do desporto nacional, a nível radiofónico, porém a voz de Vaz Kinguri a relatar o golo da Selecção Nacional, diante do Rwanda, no dia 8 de Outubro de 2005, referente ao apuramento para o Mundial 2006, na Alemanha, dificilmente sairá da memória daqueles que o ouviram em primeira mão: “Cabeceamento, quem marca? Golooooooo, Golooooo, Goloooo, é Goloooooo, é Goloooooo, é Goloooooo, é Goloooo.”
Terminado o encontro, a alegria instalou-se nas ruas e prolongou-se noite adentro.
O povo angolano que tinha o grito enjaulado na garganta, pôde soltá-lo como um leão cujo rugido se ouve à distância, porque havia testemunhado a proeza inédita das Palancas Negras, sob a batuta do maestro da orquestra, Oliveira Gonçalves, após alcançarem o Mundial com um triunfo pela margem mínima.
Em 2025, fará 20 anos do feito daquela geração dourada que terminou em terceiro lugar, na principal competição de selecções, numa chave com Portugal, (0-1), México, (0-0), e Irão (1-1).
Agora, outro Gonçalves poderá conduzir um grupo de jovens e veteranos jogadores dispostos a seguirem o trilho dos que estiveram na Alemanha, enquanto procura descrever uma rota para o Campeonato do Mundo que se irá disputar, em 2026, nos Estados Unidos, Canadá e México.
Para isso, as Palancas Negras, inseridas no grupo D, no apuramento para o Mundial, com Camarões, à cabeça, com oito pontos, terão de vencer, nas próximas partidas, em Março, os concorrentes directos, em terceiro e segundo lugar, Líbia e Cabo Verde, ambos com mais um ponto (sete) do que os seis de Angola, no quarto posto.
Contudo, o técnico da Selecção Nacional lembrou aos ouvintes da Rádio 5 que para atingir esses objectivos, não depende apenas do que se faz no relvado. “Há um conjunto de outras situações que já não passam por mim”.
Foto: AFP/ Kenzo Tribouillard
Durante a entrevista, Pedro Gonçalves deu pistas para problemas que não só afectaram em outras ocasiões o núcleo, como afectam e continuarão a afectar a preparação de Angola para os compromissos com outras formações.
Desde a logística, aos recursos à disposição do grupo, comparativamente a selecções com maior capacidade financeira, à dificuldade na conexão de vôos, dentro do continente, ao tipo de aeronave fretada, pois tem de se ter em conta o número de paragens ou se consegue chegar ao destino sem parar para abastecer.
Além da falta de comunicação prévia, onde decorrerão as partidas, por parte da CAF, à semelhança do que aconteceu, no último duelo com o Sudão, porque além de condicionar o testemunho do crescimento da organização do futebol africano junto dos clubes, também mina a concentração dos atletas.
Ainda assim, estes não são os únicos factores que poderão estar por detrás das declarações do timoneiro. Outra das possíveis razões foi confessada, a 5 de Fevereiro de 2024, pelo ex-treinador do Petro de Luanda, Alexandre Santos, ao jornal português OJOGO, depois de considerar que "as estruturas organizativas estão a penalizar os jogadores que estão longe de Angola", havendo muitos a recusarem representar a Selecção Nacional porque os estágios são fora da Europa.